Para iniciar uma conversa sobre o Rock n’ Roll dos anos
60, teríamos que saber quando, de fato, ele “começou”. Datas são apenas
números. Mas quando, realmente, a música dos anos 50 deu lugar ao Rock que
caracterizou a década seguinte? Quando aconteceu essa transição? A grosso
modo, podemos dizer que foi com a famosa British Invasion – a “Invasão Britânica” nas paradas
Norte-americanas – capitaneada pelos Beatles, entre os anos de 1963 e 1964 e que trouxe novamente à
ativa, mas com novas influências, todo aquele Blues e R&B que
estava “adormecido” nos EUA.
Seja nos primeiros álbuns dos Beatles, com o Rock/Rockabilly com grande
apelo Pop que arrastou multidões, ou na época mais “cultuada”
da banda, com alguns de seus discos mais complexos, a dupla McCartney e Lennon fez história e marcou
o Rockem apenas uma década, fazendo músicas que conseguem ser
atuais até os dias de hoje.
A Década de 60 no Brasil
Desde o final dos anos 50
vinha o Brasil lutando para se libertar do complexo de “país de segunda
classe”; nossa cultura popular e musical, resultante de miscigenação das
culturas européia, africana e indígena, carregava a síndrome de “vice” na
maioria do povo: tínhamos sido vice campeões no mundial de futebol de 1950 no
Rio de Janeiro , Marta Rocha tinha sido vice campeã no concurso Miss Universo
de 1954 e fomos desclassificados no mundial de futebol de 1954 na Suíça.
A vitória do futebol, na
Copa do Mundo de 1958 na Suécia, marcava o início do sentimento de
“ressurreição” do povo brasileiro como país importante no contexto mundial; o
início da indústria automobilística brasileira, os momentos de glória de Pelé e
Garrincha, a inauguração de Brasília em 1960, cidade projetada pelos arquitetos
Lúcio Costa e Oscar Niemayer ajudaram o governo do Presidente Juscelino com o
“slogan 50 anos em 5” a tirar proveito político desses fatos, aumentando o
sentimento patriótico da população.
O sucesso da bossa
nova com aceitação internacional, a conquista do bicampeonato mundial de
futebol em 1962 no Chile, a conquista da Palma de Ouro em 1962 pelo filme
brasileiro dirigido por Anselmo Duarte “O Pagador de Promessas” em Cannes, as
vitórias de Maria Esther Bueno no tênis e outras conquistas de afirmação
nacional fizeram da década de 60 um período de grande exacerbação de
nacionalismo. Além disso também aumentou o grau de conscientização política dos
problemas e carências do povo brasileiro acirrando as disputas ideológicas
entre os vários segmentos da população. Após o desastre da administração do
presidente Jânio Quadros e com a ascenção de Jango Goulart em 1961 aumentaram
os conflitos sociais, resultando no golpe militar de 1964.
A cultura musical
brasileira acompanhou todas essas mudanças com a afirmação da bossa nova e o
surgimento das músicas de cunho social apresentadas principalmente nos
“Festivais de Música Brasileira”, principalmente os da TV Excelsior e TV
Record; assim surgiram composições sociais de Sérgio Ricardo, Gilberto
Gil, Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Geraldo Vandré, Teo de Barros,
Torquato Neto, Heraldo do Monte, Airto Moreira, Hilton Acioli e muitos outros.
A grande divulgação
de cantores americanos de rock através do cinema e gravadoras ajudou
também o nascimento do rock brasileiro com ampla divulgação da mídia nos anos
60; um dos principais incentivadores foi o compositor e radialista Carlos
Imperial que fundou em 1958 o Clube do Rock, no Rio de Janeiro, onde se
apresentavam e se reuniam os amantes do rock; nesse clube iniciaram suas
carreiras Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
A parcela de público que
preferia músicas oriundas do rock passou a ter seu espaço musical com programas
específicos na televisão cujo ápice foi o programa “Jovem Guarda” iniciado em
1965 com Roberto, Erasmo e Vanderléia permanecendo no ar pela TV Record durante
vários anos.
Sob influência da
Jovem Guarda e dos Beatles nasceu em 1967 o Tropicalismo, movimento de
vanguarda liderado por Caetano Veloso, Rogério Duprat, Gilberto Gil, Júlio
Medaglia e outros; suas principais composições foram
" Tropicália“
"Domingo no Parque” e “Alegria, Alegria” onde era incentivada a
universalização da música brasileira inclusive com utilização de guitarras
elétricas e absorção de vários gêneros musicais: pop-rock, música de vanguarda,
frevo, samba, bolero, etc.
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